A vivência de uma relação pautada por violência, controlo e coerção tem um impacto destrutivo na autoestima das vítimas, que ficam num estado de grande vulnerabilidade emocional.
Podemos dizer que o primeiro passo para a reconstrução do amor-próprio acontece logo no ponto de partida desta questão, ou seja, o término da relação-violenta. Esta é a primeira grande conquista do processo.
No percurso de uma relação violenta, acontecem muitas coisas: comportamentos de controlo por parte do/a agressor/a, ameaças, chantagens, coerções, manipulações, agressões físicas psicológicas e sexuais, entre outros comportamentos destrutivos. Neste caminho de violência a vítima vai perdendo liberdades e direitos nomeadamente o direito a escolher. A vítima perde direito de ser dona/o da sua própria vida, de escolher os/as seus/suas amigos/as, as suas roupas, as suas atividades de lazer, as suas opiniões, os seus ideais. Vive mutas vezes numa fusão com a outra pessoa, perdendo contacto com a sua própria pessoa, com a sua essência.
Quando a relação tóxica termina, abre-se um caminho de descoberta. A descoberta do eu.
É nessa altura que a pessoa tem de se lembrar da pessoa que era antes da relação, ou antes da relação se transformar numa relação violenta. Quais era os seus interesses? O que costumava fazer? Quais eram as suas motivações? O passo seguinte é resgatar tudo isso. Para isso, é importante resgatar aquilo que muitas vezes ficou perdido durante a relação: mo contacto com os outros. É nesta fase que é importante a pessoa lembrar-se quem são as suas pessoas, as que estiveram sempre lá para ela e que foram reparadoras em momentos chave da sua vida e procurar investir tempo de qualidade com essas pessoas. São os afetos, as relações saudáveis e adaptativas com amigos e familiares, a par de momentos a sós, para estar consigo mesma/a, fazendo atividades prazerosas quer sozinho/a quem acompanhado/a que vão ajudar a resgatar o seu amor própria e a sua identidade. O segredo é nunca esquecer que o amor-próprio cresce, quanto mais investirmos em nós, em cuidarmos de nós mesmos/as.
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