É muito provável que conheça alguém que já esteve ou está a vivenciar uma relação abusiva. Infelizmente é uma situação muito comum. A verdade é que não raras vezes quando temos conhecimento de uma situação do género, inconscientemente atribuímos a culpa à vítima – “Só continua na relação porque quer”, “Porque é que simplesmente ela/e não vai embora?”, “Se fosse comigo…”.
A resposta a estas questões tem na sua base diferentes fatores/motivos que muitas vezes podem até parecer estranhos para quem não é vítima.
Um dos principais fatores, e posso confirmar isto através da experiência que tenho no terreno, está relacionado com a dependência económica. Talvez a vítima não trabalhe ou não tenha rendimentos suficientes para se sustentar sozinha. Naturalmente que este cenário torna-se ainda mais preocupante quando existem filhos/as.
Outro motivo reside no medo. O medo da reação do/a agressor/a, do que pode acontecer às pessoas de quem a vítima gosta, o medo que não acreditem em si ou recearem que serão discriminados/as.
É também muito comum a vítima sentir vergonha, não querer perder o estatuto social ou até mesmo achar que não tem força suficiente para enfrentar o término do relacionamento.
Para além de todos estes motivos, existem outros menos visíveis, tais como a esperança que o/a agressor/a transmite à vitima de que o seu comportamento vai mudar.
No caso das vítimas gays e lésbicas, para além de todos estes motivos, ainda é frequente que estes/as considerem que a violência doméstica é uma problemática exclusiva das relações hetero pelo que não se reconhecem como vítimas.
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