Antes de mais, importa distinguir entre ciúme e ciúme patológico. O ciúme por si só, é uma emoção perfeitamente natural, fruto da nossa insegurança e do medo de perdermos alguém que amamos muito. É por isso uma emoção que apesar de desagradável é adaptativa. Contudo, as emoções também podem adoecer. O Ciúme não é exceção e quando assim é transforma-se em ciúme patológico. É nesta altura que o ciúme se transforma num problema.
Assim, para distinguirmos a preocupação do ciúme patológico, o segredo passa por vermos o que está por trás destas duas experiências. Quando me preocupo com alguém, o meu foco é o outro, o seu bem-estar, quero salvaguardar-me de que ele está bem. No ciúme patológico, o foco é o controlo do comportamento do outro, a coação, a manipulação psicológica, o foco é a própria pessoa que sente o ciúme. No ciúme patológico, a pessoa esquece-se do que gera bem-estar na outra pessoa, para estar excessivamente focada em pensamentos, atitudes e comportamentos para aliviar a sua desconfiança e o medo de perder a pessoa que ama.
A preocupação cuida do outro, a pessoa procura aliviar a sua preocupação, sempre com respeito pela individualidade e liberdade da pessoa que ama, através do diálogo, da partilha das suas inseguranças e vulnerabilidades. No ciúme patológico a pessoa não tem este autocontrolo e pode adotar comportamentos coercivos e de controlo que levam muitas vezes ao desgaste do casal.
Em suma a preocupação pode ser um bom ponto de partida para partilhar com o/a companheiro/a a insegurança que sente, as suas vulnerabilidades e receios, de forma a obter o alívio emocional que se necessita, sem que para isso se entre no ciclo coercivo e tóxico do ciúme patológico.
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